Desde seu anúncio, Wicked (2024), dirigido por Jon M. Chu, prometia ser um evento cinematográfico para os fãs do musical da Broadway. Mas, infelizmente, o que chegou às telonas foi uma catástrofe de proporções inimagináveis. Em uma mistura de direção incompetente, atuações sofríveis, músicas sem impacto e CGI vergonhoso, o filme se torna um insulto ao público, principalmente para aqueles que já tinham reservas em relação ao mundo de O Mágico de Oz (realmente detesto esse clássico de 1939).
A trama de Wicked pretende contar a história da Bruxa Má do Oeste, Elphaba, antes dos eventos de O Mágico de Oz. A premissa poderia ter sido interessante, mas o roteiro se afunda em clichês e uma execução preguiçosa. A narrativa se arrasta por horas, incapaz de prender a atenção do espectador. O que deveria ser um conto emocionante sobre amizade e rejeição se transforma em um melodrama previsível, cheio de frases feitas e momentos forçados.
O roteiro de Winnie Holzman falha em dar profundidade aos personagens, tornando Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande) caricaturas unidimensionais. Os diálogos parecem saídos de um manual de clichês juvenis, com frases que soam artificiais e insossas. Não há uma evolução convincente na relação entre as duas protagonistas, fazendo com que suas interações pareçam ensaiadas e sem vida.
O ritmo do filme é uma tortura. As cenas se estendem muito além do necessário, tornando a duração insuportável. Se houvesse qualquer nuance ou camadas emocionais a explorar, talvez a metragem se justificasse, mas a história é contada de forma tão superficial que fica claro que o objetivo era apenas transformar uma peça longa em um filme ainda mais exaustivo.
A escolha do elenco foi um dos primeiros sinais de alerta sobre o fracasso iminente do filme. Ariana Grande como Glinda é uma decisão catastrófica. Ela não só é uma cantora superestimada, como também é uma péssima atriz. Sua expressão facial limitada e sua incapacidade de entregar emoção autêntica fazem com que sua interpretação seja digna de riso. Seus momentos de comédia são constrangedores, e suas tentativas de criar uma Glinda carismática são um desastre absoluto.
Cynthia Erivo também decepciona como Elphaba. Apesar de sua competência vocal, sua atuação é exagerada e teatral de uma maneira irritante. Em nenhum momento conseguimos sentir empatia por sua jornada, pois ela se entrega a uma performance forçada e sem sutileza. Sua presença de palco pode funcionar no teatro, mas no cinema seu estilo parece artificial e deslocado.
Os coadjuvantes também não fazem nada para melhorar a situação. O romance entre Elphaba e Fiyero é sem química alguma, e os vilões são tão caricatos que parecem saídos de um desenho animado genérico. Os coadjuvantes entram e saem da história sem qualquer impacto real, tornando o filme ainda mais desconexo.
Se há algo que poderia ter salvado Wicked, seriam os números musicais. Mas até nisso o filme falha miseravelmente. As coreografias são desajeitadas, os figurinos são cafonas e os cenários parecem feitos com o orçamento de um comercial de loja de fantasias.
As músicas, que já não eram tão boas no musical original, soam ainda piores com os arranjos genéricos e sem criatividade. "Defying Gravity", um dos momentos mais icônicos do teatro musical, é arruinado por uma direção sem inspiração e um uso exagerado de CGI que transforma a cena em um festival de efeitos visuais ruins.
Os efeitos sonoros também são um problema. Muitas vezes, as vozes dos atores parecem desconectadas do ambiente, como se tivessem sido gravadas em um estúdio e coladas no filme de qualquer jeito. O resultado é uma trilha sonora artificial e sem impacto emocional.
O visual do filme é simplesmente grotesco. O CGI é digno de um filme do começo dos anos 2000, com efeitos plásticos e mal renderizados. As criaturas mágicas parecem bonecos animatrônicos de um parque temático decadente, e os cenários são tão artificiais que fazem Cats (2019) parecer uma obra-prima do fotorrealismo.
A direção de Jon M. Chu também é um desastre completo. Ele não consegue dar ritmo às cenas, falha em criar momentos emocionantes e toma decisões estéticas que são questionáveis no mínimo. Tudo parece genérico e sem identidade, como se tivesse sido feito no piloto automático.
Wicked é um fracasso absoluto. Não há nada que possa ser salvo aqui: o roteiro é uma bagunça, as atuações são sofríveis, os efeitos visuais são de quinta categoria e os números musicais são uma vergonha. Este é um filme feito para um público de inteligência limitada, que ainda se ilude com contos de fadas sem substância e não percebe o quão superficial é essa produção.
Jon M. Chu entregou um produto vazio, plastificado e sem alma, que apenas reforça o cansaço do gênero musical nos cinemas. Se você tem algum respeito pelo cinema e pelo seu tempo, passe longe dessa catástrofe cinematográfica.
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