Christine Jeffs retorna à direção após um longo hiato desde Brilho de uma Paixão (2009), desta vez apresentando A Mistake, um drama hospitalar estrelado por Elizabeth Banks como Liz Taylor, uma cirurgiã cujas decisões são colocadas à prova após um erro médico fatal. Apesar da premissa promissora e de alguns esforços da equipe técnica, o filme falha em capturar a atenção ou justificar sua existência como um longa-metragem.
O principal problema de A Mistake está em seu ritmo. O filme, que tem uma duração relativamente curta de 101 minutos, consegue parecer interminável. Jeffs (que também é roteirista aqui) criou uma narrativa que tenta explorar a psicologia da protagonista, mas acabou superestimando os acontecimentos, transformando o que poderia ser uma análise sutil em um espetáculo forçado e excessivamente melodramático. A tentativa de conferir profundidade à história apenas sublinha sua superficialidade.
A estrutura do filme, repleta de enquadramentos típicos de séries médicas genéricas, evoca uma frustração familiar. Parece um episódio fraco de Grey's Anatomy, mas sem o charme das tramas românticas ou o ritmo de House, carecendo de um protagonista que capture verdadeiramente o público. O drama da vida hospitalar, que poderia trazer reflexões reais sobre o sistema de saúde ou sobre a humanidade de seus profissionais, é reduzido a dilemas previsíveis e mal desenvolvidos.
Elizabeth Banks, conhecida por papéis em produções duvidosas e realmente ruins, como Jogos Vorazes e Magic Mike XXL, tenta assumir um papel dramaticamente desafiador, mas não consegue sustentar a intensidade emocional exigida pela história. Liz Taylor deveria ser uma personagem tridimensional e vulnerável, mas a interpretação de Banks é insípida, transmitindo pouco além de uma expressão de leve preocupação ou cansaço ao longo do filme. Mesmo em cenas que claramente pedem mais envolvimento emocional, como o confronto com os pais de uma paciente falecida, Banks não consegue imprimir a profundidade necessária.
Os coadjuvantes, como Mickey Sumner no papel de Robin, o interesse amoroso de Liz, e Fern Sutherland como Jessica, sua amiga, até tentam adicionar camadas à narrativa, mas são prejudicados por diálogos pouco inspirados e um roteiro que insiste em ressaltar temas de forma óbvia e repetitiva. Simon McBurney interpreta o cirurgião-chefe McGrath, um personagem que incorpora atitudes sexistas, mas sua caracterização é tão caricatural que o impacto de suas ações é minimizado, contribuindo ainda mais para a falta de nuances do filme.
A direção de Christine Jeffs não traz a mesma sensibilidade vista em seus trabalhos anteriores. Em A Mistake, os enquadramentos excessivamente clínicos, a iluminação fria e o uso insistente de close-ups pouco reveladores resultam em uma estética que emula um procedural televisivo genérico. A trilha sonora, composta para sublinhar o drama, é usada de forma tão insistente que acaba soando artificial, reforçando a sensação de que o filme se esforça demais para parecer significativo.
Há também tentativas de inserir discussões sobre sexismo no ambiente médico e a pressão emocional enfrentada pelos cirurgiões. Contudo, esses temas são tratados de forma tão superficial que perdem o impacto, parecendo mais uma adição obrigatória do que uma análise genuína.
No final das contas, A Mistake é uma produção que tenta ser um estudo de personagem profundo e instigante, mas acaba soando pretensioso e tedioso. Falta carisma, falta tensão, falta o envolvimento que tornaria essa jornada emocionalmente recompensadora para o espectador. Christine Jeffs entrega um filme que parece uma versão longa e sem alma de um episódio descartável de série médica, incapaz de justificar sua existência como um longa.
Se você busca uma experiência cinematográfica marcante ou reflexiva, A Mistake certamente não é a escolha ideal. Contudo, se estiver precisando de um pretexto para tirar uma boa soneca no meio da tarde, esta pode ser a oportunidade perfeita.
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