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novembro 10, 2024

Sing Sing (2024)

 


Título original: Sing Sing
Direção: Greg Kwedar
Sinopse: Divine G, preso em Sing Sing por um crime que não cometeu, encontra propósito ao atuar em um grupo de teatro junto a outros detentos, nesta história de resiliência, humanidade e o poder transformador da arte.


Sing Sing (2024), dirigido por Greg Kwedar e com roteiro de Kwedar e Clint Bentley, tenta abordar um drama carcerário inspirado pelo programa de reabilitação teatral do sistema prisional de Sing Sing, mas falha em criar um enredo verdadeiramente envolvente. Protagonizado por Colman Domingo, que interpreta Divine G, um homem que tenta encontrar redenção através do teatro enquanto espera por uma possível clemência, o filme explora superficialmente o poder transformador das artes dentro de um ambiente prisional. Infelizmente, essa narrativa acaba não cativando, resultando em uma experiência de visualização insatisfatória.

O maior problema está no roteiro simplista e previsível. Desde o começo, é fácil antecipar cada movimento da trama, e o desenvolvimento dos personagens é raso, privando-os de complexidade. A tentativa de Kwedar de evocar empatia para os detentos através da peça que encenam acaba parecendo forçada, e os momentos que deveriam ser emocionantes, acabam sem a força necessária para engajar o espectador. Somente nos créditos finais, com cenas reais de detentos e a sincera emoção nelas contida, é que o filme desperta algum tipo de sentimento. É como se Kwedar tivesse esperado tarde demais para alcançar o que deveria ser o centro emocional da narrativa, deixando o restante do filme com uma sensação de artificialidade.

Embora Colman Domingo tenha recebido elogios pela atuação, seu trabalho não é tão impressionante quanto o promovido. De fato, alguns dos detentos reais, como Clarence “Divine Eye” Maclin e Sean “Dino” Johnson, entregam atuações mais autênticas e naturais, o que apenas evidencia as limitações da interpretação de Domingo, que acaba ficando ofuscada. As performances dos atores não profissionais oferecem um vislumbre do potencial do filme, mas mesmo assim, essas atuações pontuais não conseguem elevar a qualidade da obra como um todo.

A direção de Kwedar também deixa a desejar. Filmado em uma prisão desativada, o ambiente oferece uma crueza que, potencialmente, poderia ter sido explorada para criar uma atmosfera opressiva e intimista. No entanto, a estética do filme é moderada, e a câmera, muitas vezes, parece hesitante, resultando em uma falta de autenticidade que enfraquece ainda mais a narrativa. A edição segue uma linha convencional e carece de ritmo, algo essencial para prender o interesse em um drama com poucas reviravoltas.

Ao final, Sing Sing se revela como uma experiência esquecível, carente de impacto emocional e profundidade. É um filme que, apesar de abordar temas relevantes como a busca pela redenção e o valor da arte, falha em comunicar essas mensagens de forma convincente. Os créditos finais trazem um pouco da emoção genuína que faltou no resto da trama, mas para o espectador, chega tarde demais para transformar a experiência em algo memorável.

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