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novembro 20, 2024

Megalópolis (2024)

 


Título original: Megalopolis
Direção: Francis Ford Coppola
Sinopse: A cidade de Nova Roma é palco de um conflito épico entre Cesar Catilina, um artista genial a favor de um futuro utópico e idealista, e seu opositor, o ganancioso prefeito Franklyn Cicero. Entre os dois está Julia Cicero, com a lealdade dividida entre o pai e o amado, tentando decidir qual futuro a humanidade merece.


Poucos filmes chegam aos cinemas carregados de expectativas tão monumentais quanto Megalópolis, a obra que Francis Ford Coppola sonhou por décadas e finalmente realizou. Concebido como um épico sobre a construção de uma utopia moderna e financiado pelo próprio diretor, Megalópolis aspirava ser a grande obra-prima de sua carreira tardia. No entanto, o resultado é um desastre completo, que não apenas falha em atingir suas ambições, mas se torna um marco de tudo o que pode dar errado em uma produção cinematográfica.

A trama de Megalópolis é, ao mesmo tempo, simples e impossível de acompanhar. Em um futuro próximo, Nova York foi devastada por um desastre não especificado, e Cesar Catilina (Adam Driver), um visionário arquiteto, propõe reconstruir a cidade como "Nova Roma", uma utopia que mistura ideais clássicos com tecnologia futurista. O conflito surge quando Cesar enfrenta resistência do prefeito local, interpretado por Giancarlo Esposito. A história tenta explorar questões de poder, idealismo e sacrifício, mas a narrativa é tão desarticulada que se perde completamente. A introdução de um romance insosso entre Cesar e Julia (Nathalie Emmanuel), filha do prefeito, só agrava a confusão. Parece que Coppola queria incorporar elementos de tragédias shakesperianas e dramas políticos, mas sem a habilidade de conectar essas ideias em algo coerente​.

Se há algo que Megalópolis faz bem inicialmente, é a fotografia. Filmado por Mihai Malaimare Jr., colaborador frequente de Coppola, o filme apresenta uma paleta dourada que evoca riqueza e opulência. No entanto, esse estilo visual rapidamente se torna repetitivo e cansativo. O dourado, que deveria simbolizar grandiosidade, transforma-se em um truque visual desgastado, incapaz de sustentar o interesse por mais de duas horas. Apesar de algumas composições de cena belíssimas, a falta de variação tonal dá ao filme uma uniformidade que só reforça sua natureza enfadonha​.

Poucos filmes conseguem desperdiçar tanto talento quanto Megalópolis. Adam Driver, que já demonstrou ser um ator versátil, entrega aqui uma performance forçada e teatral, mas sem o carisma necessário para carregar o filme. Giancarlo Esposito parece preso em um papel unidimensional, enquanto Aubrey Plaza, normalmente uma presença magnética, é reduzida a uma figura caricata que não consegue contribuir para a narrativa. Nathalie Emmanuel e Shia LaBeouf completam o elenco principal, mas ambos são prejudicados por personagens sem profundidade e diálogos insuportavelmente artificiais. É como se cada ator estivesse em um filme diferente, e ninguém soubesse qual é o tom pretendido​.

A trilha sonora, composta para ser épica e emocional, é uma mistura desastrosa de clichês românticos e melodramas ultrapassados. Ao invés de intensificar a narrativa, ela se torna uma distração constante, sublinhando momentos que deveriam ser sutis com uma ênfase desnecessária. Os efeitos visuais também são uma montanha-russa de qualidade. Algumas cenas mostram um uso impressionante de CGI para criar paisagens futuristas, enquanto outras parecem saídas de um filme B dos anos 2000. O uso inconsistente da tecnologia torna impossível imergir no mundo que Coppola tenta construir​.

Com 140 minutos de duração, Megalópolis é agonizantemente arrastado. Cenas que deveriam avançar a trama são prolongadas sem propósito, enquanto momentos cruciais são tratados de forma apressada e confusa. A edição parece incapaz de decidir quais aspectos da história são importantes, resultando em uma narrativa que nunca encontra seu equilíbrio. Além disso, subtramas que poderiam adicionar camadas à história são introduzidas apenas para serem abandonadas, deixando o espectador desorientado e desinteressado​.

Para quem já não era fã de Francis Ford Coppola, Megalópolis representa o ápice de tudo o que há de problemático em seu estilo. O diretor, cujos filmes como O Poderoso Chefão, Apocalypse Now e Jack eu simplesmente abomino, parece aqui completamente desconectado da realidade do cinema contemporâneo. Sua visão é grandiosa, mas sem propósito, e o filme acaba sendo um testemunho de sua incapacidade de adaptar seu estilo às demandas narrativas e técnicas atuais.

Em resumo, Megalópolis é um fracasso de proporções épicas. É um filme que tenta ser tudo, mas não consegue ser nada. Uma experiência torturante que deixa o espectador aliviado quando os créditos finais aparecem. Para Coppola, que investiu milhões de seu próprio dinheiro nesse projeto, o resultado é nada menos que um desastre monumental. Um lixo cinematográfico que será lembrado, infelizmente, como um dos piores filmes da década.

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