Apocalipse Z: O Princípio do Fim (Apocalipsis Z: El Principio del Fin, 2024), dirigido por Carles Torrens e inspirado no livro de Manel Loureiro, é uma adição curiosa e divertida ao gênero de filmes de zumbis. Este filme espanhol-galego mistura idiomas, do galego ao português, e traz um toque aleatório à conhecida narrativa de apocalipse zumbi, com momentos de tensão e sobrevivência isolados de grandes cenas de ação ou efeitos visuais extravagantes.
A trama acompanha o protagonista, interpretado por Francisco Ortiz, que se isola em casa com seu gato enquanto um vírus devastador se espalha, levando a humanidade à beira da extinção. Em vez de se focar em hordas de mortos-vivos, o filme escolhe um caminho mais introspectivo, explorando o impacto psicológico sobre o protagonista, especialmente após a recente perda de sua parceira. O resultado é uma abordagem mais próxima de um thriller psicológico do que um filme de terror tradicional, enfatizando o isolamento e a luta silenciosa por sobrevivência em um mundo agora despovoado e hostil.
Tecnicamente, o filme aposta em uma direção econômica e um roteiro sólido de Ángel Agudo, com cenas menos carregadas de efeitos especiais e mais focadas na construção de atmosfera. A fotografia, liderada por Edu Canet e Elías M. Félix, é eficaz em destacar a desolação do ambiente, refletindo tanto a ameaça física quanto o desespero silencioso de uma Espanha devastada. A trilha sonora de Federico Jusid complementa bem o tom sombrio e lento, mantendo o espectador tenso, mas sem apelar para os sustos fáceis ou truques visuais que costumam dominar o gênero.
O filme, surpreendentemente agradável para quem busca entretenimento sem pretensões, mantém-se dentro de uma zona de conforto no que se refere à história de apocalipse. Embora seja “mais do mesmo” no sentido de seguir alguns clichês de narrativas pós-apocalípticas, ele consegue ser refrescante justamente pelo seu ritmo cadenciado e pelo distanciamento dos exageros comuns em produções hollywoodianas ou sul-coreanas. Contudo, o fato de ser o primeiro de uma trilogia levanta questionamentos: embora funcione bem como uma obra isolada, não fica claro se há conteúdo suficiente para sustentar mais filmes sobre essa jornada específica.
No final, Apocalipse Z: O Princípio do Fim se destaca não pela inovação, mas pelo bom uso do que já é familiar ao público do gênero. É um filme para quem gosta de zumbis, mas com um toque mais reflexivo e intimista, sendo tanto divertido quanto surpreendente em sua proposta de um apocalipse zumbi no sul da Europa. A adaptação do material de Loureiro, embora limitada, abre espaço para uma experiência que não é grandiosa, mas suficientemente cativante para uma noite de entretenimento leve e tenso. Para os que apreciam o gênero, esta é uma obra que oferece mais pelo tom do que pela ação, agradando pelo inesperado charme em meio ao conhecido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário