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novembro 01, 2024

Alien: Romulus (2024)

 


Título original: Alien: Romulus
Direção: Fede Álvarez
Sinopse: Enquanto vasculham as profundezas de uma estação espacial abandonada, um grupo de jovens colonizadores espaciais se depara com a forma de vida mais aterrorizante do universo.


Em Alien: Romulus, dirigido por Fede Álvarez, fica claro que a franquia Alien está se desgastando em tentativas frustradas de se manter relevante. Para um diretor conhecido por seus filmes de terror B, voltados ao público que busca sustos baratos e tramas previsíveis, tentar assumir o comando de uma obra icônica como Alien é, no mínimo, uma aposta arriscada e que, neste caso, falhou. Álvarez, que até então se destacava em produções de terror com orçamento limitado e estética rasa, tentou transformar Alien: Romulus em uma experiência de horror, mas sem a atmosfera densa e envolvente que o gênero thriller, ao qual a série pertence, exige. O resultado é um filme que se arrasta em clichês, com cenas que, ao invés de gerarem suspense, entediam o espectador com a falta de criatividade e inovação.

A trama de Romulus gira em torno de uma colônia espacial e seus habitantes, que, claro, são confrontados pelo terror alienígena de sempre. Contudo, a execução dessa história é insípida e carece de originalidade, transformando o enredo em um desfile de lugares-comuns. Com personagens mal desenvolvidos e uma história que parece reciclada de outros filmes, o roteiro é pouco convincente. A premissa da colônia humana, que poderia ter enriquecido o universo da franquia, soa inverossímil e mal elaborada. Não há profundidade na exploração desse ambiente, e o que se vê é apenas uma repetição dos elementos que já foram abordados em outros filmes, sem qualquer inovação. A tal colônia espacial parece um cenário genérico, tão descartável quanto os próprios personagens.

Sobre os aspectos visuais, há uma divisão entre os efeitos mecatrônicos do alien, que são bem executados, e os efeitos digitais de recriação do rosto de Rook, que parecem tirados de uma produção de baixo orçamento. Para um filme de uma franquia que marcou a história do cinema de ficção científica, é surpreendente ver efeitos visuais tão aquém das expectativas. A qualidade é inconsistente, o que acaba prejudicando a experiência. Enquanto o alien em si tem uma representação satisfatória, outras partes dos efeitos visuais são tão fracas que fazem com que o filme pareça mais uma produção barata, voltada para o público que consome terror sem se importar com qualidade técnica. É uma falha gritante para uma franquia que sempre foi sinônimo de inovação e excelência visual.

David Jonsson, que interpreta o robô Andy, é outro ponto baixo do filme. A ideia de retratar dilemas de IA poderia ser interessante, ainda mais considerando o contexto atual de crescente desconfiança em relação à inteligência artificial, mas a atuação de Jonsson é desastrosa. Sua interpretação é forçada, sem nuances, e ele transmite ao personagem uma artificialidade que não parece intencional. Andy se torna uma caricatura de robô, com diálogos que tentam parecer profundos, mas soam absurdamente artificiais e desinteressantes. Em vez de agregar complexidade à trama, Andy torna-se mais um elemento risível em um filme já sobrecarregado de cenas sem propósito.

A trilha sonora, por sua vez, é uma das maiores decepções. Em um filme de thriller espacial, onde o som é crucial para criar a tensão e o desconforto necessários, a trilha sonora é banal, completamente esquecível e sem alma. A música passa despercebida, sem conseguir elevar as cenas ou aumentar o suspense. É uma trilha que poderia muito bem pertencer a qualquer filme genérico de terror, e não a uma obra da franquia Alien. Esse descuido com a ambientação sonora enfraquece ainda mais a atmosfera, tornando o filme mais um exercício de paciência do que uma experiência de imersão.

Fede Álvarez parece não entender a profundidade e a complexidade do universo Alien, e o filme é uma prova disso. Ele trata Romulus como se fosse mais um terror slasher de baixo custo, com sustos fáceis e sem um desenvolvimento significativo. É como se ele acreditasse que o público da franquia se contentaria com o mínimo, como acontece com os espectadores de terror B, que buscam apenas uma diversão rápida e descompromissada. No entanto, Alien sempre foi mais do que isso: é um thriller psicológico, uma obra que exige uma construção cuidadosa da tensão e do suspense, elementos que Álvarez claramente não conseguiu dominar aqui.

Em resumo, Alien: Romulus é uma adição desnecessária e decepcionante à franquia. Apesar de não ser o pior da série, é um filme que dificilmente será lembrado com carinho pelos fãs do original de Ridley Scott. Ele é longo, arrastado, com um ritmo que se perde na tentativa de recriar uma atmosfera de terror que simplesmente não funciona. A direção de Álvarez falha em quase todos os aspectos, transformando o que deveria ser um thriller espacial em um filme barato, destinado a um público que não exige muito mais do que sangue e efeitos simplórios. É uma pena ver uma franquia tão icônica sendo reduzida a isso, e para os fãs de verdade, o original de 1979 continua sendo o único Alien que realmente vale a pena.

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