Páginas

outubro 23, 2024

Robô Selvagem (2024)

 


Título original: The Wild Robot
Direção: Chris Sanders
Sinopse: Um robô – unidade ROZZUM 7134, abreviadamente “Roz” – naufraga em uma ilha desabitada e deve aprender a se adaptar ao ambiente hostil, gradualmente construindo relacionamentos com os animais da ilha e se tornando o pai adotivo de um filhote de ganso órfão.


Robô Selvagem (The Wild Robot, 2024), dirigido por Chris Sanders, é uma animação que, visualmente, traz um mundo belamente pintado à mão, lembrando o estilo de clássicos de animação como Meu Vizinho Totoro, de Miyazaki, e até Bambi, com um olhar nostálgico e detalhado sobre a natureza. A protagonista, Roz, uma unidade ROZZUM 7134, desperta na costa de uma ilha após um naufrágio e embarca em uma jornada de adaptação ao ambiente selvagem, além de cuidar de um filhote de ganso, Brightbill. Enquanto busca sobreviver, ela cria laços com os animais locais, enfrentando desafios da vida na natureza, como tempestades e invernos rigorosos, em um tom mais cru e menos infantilizado do que muitas animações familiares.

A semelhança com WALL-E é inevitável. Ambas as produções apresentam robôs de aparência humanizada que despertam em um cenário desolado e têm de aprender a sobreviver em um ambiente novo, desenvolvendo uma conexão emocional com seres não humanos. Contudo, Robô Selvagem não consegue atingir o mesmo nível de envolvimento emocional que WALL-E oferece. A estrutura narrativa de Robô Selvagem se arrasta em alguns momentos, levando a uma sensação de cansaço para o público adulto, que, embora admire a técnica e o trabalho visual, pode sentir que a história falta substância e frescor para mantê-los engajados do início ao fim. O filme quer desesperadamente ser tão tocante quanto WALL-E, mas perde o impacto ao falhar em transmitir o mesmo encanto genuíno.

Apesar da falta de inovação narrativa, o trabalho visual do filme merece destaque. A DreamWorks Animation, nos últimos anos, tem explorado um estilo mais artístico e menos geométrico em suas produções, e Robô Selvagem leva essa estética a um novo patamar. Cada cena é cuidadosamente pintada, com efeitos de luz e textura que lembram pinturas tradicionais, harmonizando céu, árvores e até efeitos climáticos com o restante do cenário. Essa abordagem pintada, combinada com a decisão de manter os animais como animais – sem os tornar totalmente antropomórficos – adiciona um toque de autenticidade que é raro em animações atuais. A equipe de Sanders trabalhou para que cada espécie tivesse olhos e expressões características, evitando o uso de olhos tipicamente humanos, o que ajuda a preservar a “magia” da floresta, contribuindo para uma atmosfera rica e coerente com o ambiente natural.

A performance de Lupita Nyong’o como a voz de Roz é um dos elementos mais elogiados do filme, com sua interpretação capturando a curiosidade e a evolução emocional de uma inteligência artificial em meio a um ecossistema selvagem. A escolha de elenco, que inclui Catherine O'Hara, Bill Nighy e Pedro Pascal, também oferece um peso dramático, dando às criaturas vozes únicas e interessantes. Porém, mesmo com um elenco estelar, o ritmo lento e os diálogos pouco memoráveis deixam a desejar, dificultando a construção de uma conexão mais profunda com os personagens. A imersão no cenário é visualmente impressionante, mas a história e as interações não alcançam a mesma profundidade, tornando-se pouco cativantes.

Em resumo, Robô Selvagem é uma experiência visual impressionante, que reforça a capacidade de DreamWorks em criar mundos atraentes e distintos, mas carece de um enredo inovador que prenda a atenção do público além da estética. A tentativa de criar um filme reflexivo, ao estilo de WALL-E, não atinge a mesma sofisticação narrativa, deixando a sensação de uma imitação que, embora bela, é monótona. Para quem não é fã de animações e busca algo mais dinâmico, Robô Selvagem pode parecer lento e até enfadonho, uma obra visualmente bela, mas sem a profundidade que a premissa promete.

Nenhum comentário:

Postar um comentário