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outubro 17, 2024

Guerra Civil (2024)

 


Título original: Civil War
Direção: Alex Garland
Sinopse: Em um futuro não tão distante, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos, uma equipe pioneira de jornalistas de guerra viaja pelo país para registrar a dimensão e a situação de um cenário violento que tomou as ruas em uma rápida escalada, envolvendo toda a nação. No entanto, o trabalho de registro se transforma em uma guerra de sobrevivência quando eles também se tornam o alvo.


Guerra Civil (Civil War, 2024), de Alex Garland e produzido pela A24, busca apresentar um thriller distópico ambientado em uma América dilacerada pela guerra interna. A história segue um grupo de jornalistas que tentam documentar os horrores de um conflito civil enquanto se dirigem de Nova York a Washington, D.C., para entrevistar o presidente. Com um elenco que inclui Kirsten Dunst e Wagner Moura, o filme levanta questões sobre o papel do jornalismo em tempos de crise.

No entanto, a experiência de assistir a Guerra Civil é marcada por um ritmo agonizante e uma narrativa que se arrasta. Garland, conhecido por sua habilidade em criar atmosferas tensas e provocativas, parece falhar em capturar o espectador, resultando em um filme que se torna entediante e maçante. A ideia de colocar jornalistas em uma posição heroica é, no fundo, uma tentativa de retratar a importância da cobertura midiática em cenários de guerra, mas acaba parecendo uma defesa excessiva e exagerada da profissão, como se os repórteres fossem vistos como super-heróis que podem interferir diretamente nas operações de combate. Em diversas cenas, essa interferência resulta mais em atrapalho do que em ajuda, o que compromete a credibilidade e a empatia que o público poderia sentir pelos protagonistas.

Ademais, o filme carrega um tom panfletário contra os republicanos, o que limita sua narrativa a uma simples crítica política que não permite uma reflexão mais profunda. Garland parece estar mais interessado em expor suas visões políticas do que em desenvolver personagens ou tramas que possam sustentar um debate mais complexo sobre a situação. A A24, conhecida por sua estética característica e por produzir obras que desafiam as convenções, não consegue dar a Guerra Civil a profundidade necessária para se destacar. Isso se reflete em sua narrativa previsível e em um diálogo que se arrasta, gerando mais frustração do que engajamento.

No que diz respeito às atuações, Wagner Moura oferece uma performance competente, mas sem grandes destaques. Sua habilidade como ator é evidente, mas o roteiro não fornece a ele material suficiente para brilhar de maneira memorável. Por outro lado, Kirsten Dunst aparece como uma protagonista apática, refletindo a própria falta de profundidade de sua personagem. Embora isso possa ser interpretado como uma escolha deliberada para ilustrar o impacto da guerra sobre os indivíduos, resulta em um desempenho que não consegue capturar a atenção do público. Sua falta de carisma e a superficialidade da personagem fazem com que sua atuação se torne esquecível.

Visualmente, Garland tenta evocar a atmosfera de filmes como Extermínio, mas essa abordagem se torna um problema quando se considera a saturação de produções que exploram temas apocalípticos e de zumbis nos últimos anos. A sensação de familiaridade que permeia Guerra Civil deixa a impressão de que se trata de uma repetição de ideias já exploradas, sem trazer nada de novo ao espectador. Essa tentativa de recuperar uma estética que já foi impactante apenas se torna um eco de trabalhos anteriores e enfraquece a originalidade do filme.

Em resumo, Guerra Civil busca, em vão, abordar temas relevantes como o papel dos jornalistas em tempos de guerra e as complexidades da política americana. No entanto, sua execução falha em criar uma narrativa engajadora e reflexiva. O tom panfletário, o ritmo arrastado e as atuações sem destaque resultam em um filme que, apesar de suas intenções, acaba se tornando uma experiência desinteressante. Para aqueles que aguardavam um retorno triunfante de Alex Garland, Guerra Civil pode se revelar uma decepção, destacando a necessidade de inovação e profundidade em obras que exploram temas tão significativos.

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