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setembro 10, 2024

X: A Marca da Morte (2022)

 


Título original: X
Direção: Ti West
Sinopse: Em 1979, um grupo de jovens cineastas se propôs a fazer um filme adulto na zona rural do Texas, mas quando seus solitários e idosos anfitriões os pegam em flagrante, o elenco se vê lutando por suas vidas.


X: A Marca da Morte (2022) é mais um exemplo claro de como a A24 parece empenhada em abraçar o pior do cinema contemporâneo. Essa produtora, que muitos críticos parecem idolatrar, já provou, mais de uma vez, que a substância e a qualidade de seus filmes são amplamente superestimadas. No caso de X, temos um trabalho que une duas das combinações mais previsíveis e desgastadas do gênero de terror: pornografia e slasher. Como o filme já seria restrito a menores de idade, a produção simplesmente aproveita para "chutar o balde", criando um espetáculo apelativo para adolescentes que buscam nada além de violência gratuita e cenas gráficas forçadas. A A24, mais uma vez, parece interessada em causar polêmica vazia em vez de oferecer uma narrativa inovadora ou mesmo cativante.

O enredo de X é simples e superficial: um grupo de jovens decide gravar um filme pornográfico em uma fazenda isolada, apenas para se verem confrontados por uma dupla de idosos assassinos. A premissa não passa de um pretexto barato para expor corpos e sangue, numa tentativa desesperada de prender a atenção de uma audiência com pouco discernimento crítico. O filme não acrescenta absolutamente nada ao gênero. O uso da pornografia como pano de fundo poderia, em mãos mais habilidosas, ser uma crítica social ou, ao menos, um elemento de provocação interessante. No entanto, aqui, a exploração sexual é completamente desnecessária, feita apenas para preencher os minutos entre os ataques violentos.

Do ponto de vista técnico, o filme não surpreende, embora a direção de fotografia tenha seus momentos de destaque ao explorar bem a atmosfera rural e isolada da fazenda. Contudo, uma bela fotografia é completamente anulada quando o restante do filme é um festival de mau gosto. A trilha sonora é genérica e pouco marcante, com exceção de algumas cenas em que se tenta criar uma sensação de tensão que, infelizmente, nunca se concretiza.

No quesito atuação, X traz a sofrível performance de Mia Goth, que assume dois papéis no filme — uma decisão criativa que, ao invés de inovadora, só consegue evidenciar ainda mais suas limitações como atriz. A tentativa de disfarçá-la como a velha antagonista através de uma maquiagem risível é um dos maiores equívocos da produção. A transformação é tão malfeita que é impossível não perceber que Goth está por trás daquela máscara. O resultado é uma atuação ainda mais fraca, já que ela claramente não consegue se desvencilhar da caracterização física da jovem Maxine para habitar, de forma convincente, o papel da idosa Pearl. É uma falha gritante e constrangedora, que só contribui para aumentar a sensação de amadorismo do filme.

A maquiagem em X é, de fato, um dos aspectos mais cômicos da produção. A caracterização de Mia Goth como Pearl, com seu rosto pesado de látex e rugas artificiais, parece saída de um filme de terror de baixo orçamento dos anos 80, mas sem o charme nostálgico. Em vez de assustar, provoca risos involuntários. Qualquer espectador com o mínimo de atenção consegue identificar que há algo de errado, e essa decisão criativa só faz com que o filme pareça mais absurdo e menos imersivo.

Além disso, o filme falha em criar uma narrativa minimamente coerente. As motivações dos vilões são risíveis, baseadas em um misto de desejo sexual reprimido e inveja juvenil, algo que, por si só, é um clichê preguiçoso. Não há profundidade psicológica nos personagens, e o filme não oferece nenhuma reflexão ou crítica social significativa. É um amontoado de violência e sexo gratuito que se sustenta em uma premissa banal e previsível.

Para piorar, X se prende a um público específico: pessoas que conseguem encontrar algum tipo de "genialidade" em um filme que, na verdade, não passa de uma colagem de clichês. Somente alguém de mente muito estreita e sem capacidade de análise crítica pode enxergar valor em uma produção tão apelativa e desprovida de conteúdo. A ideia de que este filme possa ser considerado inovador ou subversivo é risível. Na verdade, é apenas mais do mesmo, sem originalidade, sem ousadia verdadeira e sem uma narrativa que realmente prenda.

Em resumo, X: A Marca da Morte é uma decepção completa. Mesmo com o respaldo de um estúdio como a A24 — que parece cada vez mais obcecado em promover projetos polêmicos de baixa qualidade — o filme falha em todos os níveis. Desde as atuações fracas, a maquiagem amadora, até a narrativa pobre e previsível, não há nada que justifique o tempo gasto assistindo a esta produção. Para quem busca filmes que desafiem o intelecto ou ofereçam algum tipo de inovação no gênero de terror, este certamente não é o caminho.

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