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setembro 05, 2024

Vermelho, Branco e Sangue Azul (2023)

 


Título original: Red, White & Royal Blue
Direção: Matthew López
Sinopse: Depois que uma altercação entre Alex, o filho do presidente, e o príncipe Henry da Grã-Bretanha em um evento real se torna assunto de tabloide, sua rivalidade de longa data agora ameaça abrir uma brecha nas relações EUA/Britânica. Quando os rivais são forçados a uma trégua encenada, seu relacionamento gelado começa a derreter e o atrito entre eles desencadeia algo mais profundo do que jamais esperaram.


Vermelho, Branco e Sangue Azul surpreende ao superar expectativas iniciais de ser uma comédia romântica leve e boba, revelando-se uma obra encantadora e profundamente envolvente. Sob a direção de Matthew López, o filme, baseado no bestseller homônimo de Casey McQuiston, parte de uma premissa que poderia facilmente cair no ridículo: o filho da presidente dos EUA, Alex Claremont-Diaz, se apaixona pelo príncipe britânico Henry após um escândalo diplomático envolvendo um bolo de casamento. O que poderia ser um desastre narrativo se transforma em uma deliciosa história de amor, conduzida por um roteiro que sabe dosar comédia, drama e romance em medidas perfeitas.

Tecnicamente, o filme apresenta uma fotografia vibrante e iluminada, refletindo o tom leve da narrativa, enquanto a direção de arte cria uma ambientação que mistura o glamour da realeza britânica com o dinamismo da política americana. O ritmo da montagem é ágil, especialmente nas cenas que exploram a tensão e a química entre os protagonistas, que evoluem de inimigos a amantes em uma cadência previsível, mas satisfatória.

Embora as atuações de Taylor Zakhar Perez (Alex) e Nicholas Galitzine (Henry) não sejam de altíssima profundidade, o roteiro compensa essa falta de entrega emocional com diálogos bem construídos e situações envolventes. Zakhar Perez retrata um Alex carismático e decidido, e Galitzine oferece uma performance convincente como o príncipe Henry, cuja luta interna entre suas obrigações reais e sua vida pessoal gera momentos tocantes. Mesmo assim, a falta de uma conexão mais natural entre os atores é perceptível em alguns momentos, algo que o bom roteiro disfarça com humor e charme.

A trilha sonora é outro ponto alto, com faixas que reforçam a atmosfera de conto de fadas moderno do filme. Canções como "Can’t Help Falling in Love" na voz de Perfume Genius ajudam a criar momentos icônicos, enquanto o uso de "That’s What I Want" de Lil Nas X dá o tom moderno e irreverente que define o longa.

O filme, no entanto, não se limita à sua história de amor. Vermelho, Branco e Sangue Azul aborda questões importantes sobre aceitação, identidade e a luta contra expectativas sociais e familiares. A dinâmica entre Alex, um jovem político promissor, e Henry, um príncipe pressionado a manter aparências, explora a tensão entre deveres públicos e desejos pessoais. Essa narrativa de aceitação e autodescoberta é tratada com sensibilidade, sem perder o tom leve e divertido que permeia o filme.

Por mais que alguns aspectos da trama se aproximem do clichê — o que é inevitável em comédias românticas —, o filme é hábil em subverter expectativas, equilibrando momentos de humor irreverente com cenas emocionalmente profundas. Além disso, a presença de personagens secundários carismáticos, como Zahra (Sarah Shahi), acrescenta um toque extra de diversão e sarcasmo ao enredo.

Em última análise, Vermelho, Branco e Sangue Azul é um filme altamente divertido, que se destaca não apenas como uma adaptação fiel, mas também como uma obra que combina entretenimento com mensagens relevantes. López consegue transformar uma história com potencial para o absurdo em algo brilhante e surpreendentemente sensível, fazendo deste um filme que transcende as expectativas iniciais de ser apenas mais uma comédia romântica. Um filme que agrada tanto os fãs do romance original quanto aqueles que buscam um escapismo leve e cativante.

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