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setembro 07, 2024

Divertida Mente (2015)

 


Título original: Inside Out
Direção: Pete Docter
Sinopse: Baseadas na Sala de Comando, o centro de controle dentro da mente de Riley de 11 anos, cinco emoções trabalham sem parar, lideradas pela otimista Alegria. Ela se esforça muito para garantir que Riley esteja sempre feliz, e trabalha ao lado do Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza.


Divertida Mente (ou Inside Out no original) é uma animação que, ao contrário da reputação imaculada que muitos atribuem ao estúdio Pixar, revela-se uma experiência frustrante, superficial e, por vezes, entediante. Embora o conceito central de representar emoções humanas como personagens coloridas possa parecer promissor em teoria, sua execução deixa muito a desejar, tornando-se previsível e, para ser sincero, demasiadamente infantil, mesmo em comparação a outros filmes do estúdio.

O enredo acompanha as emoções dentro da mente de uma garota chamada Riley: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, que interagem para moldar suas reações diante dos desafios da vida. No entanto, a premissa de explorar os sentimentos humanos de maneira personificada se mostra menos profunda do que aparenta. Embora muitos adultos se identifiquem com a alegoria da emoção humana em crise, me custa entender o porquê de esse filme, em específico, ter conquistado uma fatia tão grande desse público. A narrativa, no fundo, se perde em seu excesso de obviedade, falhando em oferecer nuances ou camadas mais intrigantes para além da superfície de suas cores vibrantes e personagens facilmente digestíveis.

Diferentemente de obras anteriores da Pixar, como Toy Story ou Procurando Nemo, que têm apelo para públicos de todas as idades sem se entregar a um didatismo exagerado, Divertida Mente se torna o trabalho mais infantil do estúdio. O filme se apoia fortemente em tropos simplistas para manter o interesse da audiência mais jovem, deixando muito pouco espaço para a profundidade emocional que se espera de uma produção voltada tanto para crianças quanto para adultos. As emoções não são exploradas com a complexidade que o tema mereceria, o que resulta em uma jornada previsível e, infelizmente, esquecível.

A trilha sonora, composta por Michael Giacchino, é outro ponto de grande decepção. O tema principal, que talvez pretendesse evocar leveza e alegria, acaba se tornando mais um jingle do que uma peça musical memorável. Sua repetição exaustiva ao longo do filme — e, posteriormente, durante o lançamento da sequência — só intensifica a sensação de irritação, já que a melodia facilmente grudenta invadiu redes sociais e vídeos promocionais com frequência alarmante. É um daqueles momentos em que menos teria sido mais, mas parece que o filme decidiu insistir na mesma nota até esgotar qualquer traço de encanto que poderia ter inicialmente.

No que diz respeito à estética, Divertida Mente também desaponta. Embora muitos apontem o design das emoções como um ponto alto, com seus traços exageradamente cartunescos e suas cores vivas, o visual do filme, no geral, é surpreendentemente pouco inspirador. Os cenários, que deveriam representar a mente humana como um vasto universo interior, acabam sendo genéricos e sem grande inventividade. O design dos espaços, como a "Ilha da Família" ou o "Depósito de Memórias", poderia ter sido muito mais ambicioso e intrigante. O filme carece do impacto visual que muitas das melhores produções da Pixar oferecem, o que só acentua o sentimento de que este é um filme que se contenta em fazer o mínimo.

Além disso, a duração excessiva do filme agrava ainda mais sua falta de substância. Com quase duas horas de duração, a história rapidamente se arrasta, principalmente durante o segundo ato, onde Alegria e Tristeza ficam perdidas na mente de Riley. O filme não consegue sustentar a narrativa de forma consistente e o tempo parece passar mais devagar, contribuindo para uma sensação de tédio que é difícil ignorar. É surpreendente ver como a Pixar, que já dominou a arte de equilibrar drama, comédia e emoção, optou por uma estrutura tão alongada e, francamente, monótona aqui.

Por fim, Divertida Mente é uma sombra do que a Pixar foi capaz de realizar em seu auge. Se em obras anteriores o estúdio conseguia elevar a animação para um patamar emocional profundo, aqui, ele tropeça em clichês e previsibilidade. O filme é excessivamente didático, focado demais em agradar crianças sem a sofisticação que costumava encantar os adultos. Ao contrário da reação entusiástica que muitos parecem ter, vejo este como um dos filmes mais fracos da Pixar, sem brilho e sem a mágica que tornou o estúdio famoso.

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