Divertida Mente (ou Inside Out no original) é uma animação que, ao contrário da reputação imaculada que muitos atribuem ao estúdio Pixar, revela-se uma experiência frustrante, superficial e, por vezes, entediante. Embora o conceito central de representar emoções humanas como personagens coloridas possa parecer promissor em teoria, sua execução deixa muito a desejar, tornando-se previsível e, para ser sincero, demasiadamente infantil, mesmo em comparação a outros filmes do estúdio.
O enredo acompanha as emoções dentro da mente de uma garota chamada Riley: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, que interagem para moldar suas reações diante dos desafios da vida. No entanto, a premissa de explorar os sentimentos humanos de maneira personificada se mostra menos profunda do que aparenta. Embora muitos adultos se identifiquem com a alegoria da emoção humana em crise, me custa entender o porquê de esse filme, em específico, ter conquistado uma fatia tão grande desse público. A narrativa, no fundo, se perde em seu excesso de obviedade, falhando em oferecer nuances ou camadas mais intrigantes para além da superfície de suas cores vibrantes e personagens facilmente digestíveis.
Diferentemente de obras anteriores da Pixar, como Toy Story ou Procurando Nemo, que têm apelo para públicos de todas as idades sem se entregar a um didatismo exagerado, Divertida Mente se torna o trabalho mais infantil do estúdio. O filme se apoia fortemente em tropos simplistas para manter o interesse da audiência mais jovem, deixando muito pouco espaço para a profundidade emocional que se espera de uma produção voltada tanto para crianças quanto para adultos. As emoções não são exploradas com a complexidade que o tema mereceria, o que resulta em uma jornada previsível e, infelizmente, esquecível.
A trilha sonora, composta por Michael Giacchino, é outro ponto de grande decepção. O tema principal, que talvez pretendesse evocar leveza e alegria, acaba se tornando mais um jingle do que uma peça musical memorável. Sua repetição exaustiva ao longo do filme — e, posteriormente, durante o lançamento da sequência — só intensifica a sensação de irritação, já que a melodia facilmente grudenta invadiu redes sociais e vídeos promocionais com frequência alarmante. É um daqueles momentos em que menos teria sido mais, mas parece que o filme decidiu insistir na mesma nota até esgotar qualquer traço de encanto que poderia ter inicialmente.
No que diz respeito à estética, Divertida Mente também desaponta. Embora muitos apontem o design das emoções como um ponto alto, com seus traços exageradamente cartunescos e suas cores vivas, o visual do filme, no geral, é surpreendentemente pouco inspirador. Os cenários, que deveriam representar a mente humana como um vasto universo interior, acabam sendo genéricos e sem grande inventividade. O design dos espaços, como a "Ilha da Família" ou o "Depósito de Memórias", poderia ter sido muito mais ambicioso e intrigante. O filme carece do impacto visual que muitas das melhores produções da Pixar oferecem, o que só acentua o sentimento de que este é um filme que se contenta em fazer o mínimo.
Além disso, a duração excessiva do filme agrava ainda mais sua falta de substância. Com quase duas horas de duração, a história rapidamente se arrasta, principalmente durante o segundo ato, onde Alegria e Tristeza ficam perdidas na mente de Riley. O filme não consegue sustentar a narrativa de forma consistente e o tempo parece passar mais devagar, contribuindo para uma sensação de tédio que é difícil ignorar. É surpreendente ver como a Pixar, que já dominou a arte de equilibrar drama, comédia e emoção, optou por uma estrutura tão alongada e, francamente, monótona aqui.
Por fim, Divertida Mente é uma sombra do que a Pixar foi capaz de realizar em seu auge. Se em obras anteriores o estúdio conseguia elevar a animação para um patamar emocional profundo, aqui, ele tropeça em clichês e previsibilidade. O filme é excessivamente didático, focado demais em agradar crianças sem a sofisticação que costumava encantar os adultos. Ao contrário da reação entusiástica que muitos parecem ter, vejo este como um dos filmes mais fracos da Pixar, sem brilho e sem a mágica que tornou o estúdio famoso.
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