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agosto 23, 2024

A Primeira Noite de um Homem (1967)

 


Título original: The Graduate
Direção: Mike Nichols
Sinopse: Após se formar na faculdade, Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) retorna para casa. Indeciso quanto ao seu futuro, ele acaba sendo seduzido pela senhora Robinson (Anne Bancroft) uma amiga de meia-idade de seus pais. Mas na verdade ele está interessado na filha dela, a bela Elaine Robinson (Katharine Ross).


A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, 1967), dirigido por Mike Nichols, é um daqueles filmes que, apesar de ser elogiado por muitos, simplesmente não consegue convencer em absolutamente nenhum aspecto. O enredo, que busca retratar a crise de identidade de um jovem recém-formado, acaba caindo em uma série de absurdos dramáticos que desafiam qualquer noção de verossimilhança. É um filme que, do início ao fim, parece se passar em uma dimensão paralela, onde decisões completamente ilógicas são tomadas por personagens que são impossíveis de acreditar.

A começar pela trama principal: Benjamin Braddock, um jovem que deveria estar em busca de sentido na vida, é seduzido pela personagem de Anne Bancroft, a Sra. Robinson. Agora, Bancroft pode até ser uma atriz consagrada, mas sua interpretação aqui é simplesmente asquerosa. A personagem dela, uma mulher de meia-idade amargurada e manipuladora, provoca nada além de repulsa no espectador. O relacionamento entre os dois nunca faz sentido em nenhum nível – emocional, sexual ou psicológico. Não há química, e o envolvimento entre eles parece mais uma tentativa desesperada de criar escândalo do que uma verdadeira reflexão sobre as complexidades humanas.

Outro problema gritante no filme é o casting de Dustin Hoffman como Benjamin. Claramente, Hoffman já era muito mais velho do que o personagem que deveria interpretar. Ele tenta se passar por um jovem recém-saído da faculdade, mas seu visual, suas feições e até mesmo sua postura corporal revelam uma desconexão gritante com o papel. Cada vez que ele tenta parecer um "jovenzinho", o espectador é confrontado com o ridículo dessa escolha. Fica difícil não rir da seriedade forçada de suas falas e do conflito superficial pelo qual ele supostamente está passando. O casting aqui não poderia ter sido mais equivocado.

A trilha sonora, embora elogiada, é mais um ponto que contribui para o desgaste do filme. As duas músicas de Simon & Garfunkel, "Mrs. Robinson" e "The Sound of Silence", são, sem dúvida, boas canções, mas são usadas à exaustão. Cada momento dramático é pontuado com as mesmas melodias, até que o espectador não aguenta mais ouvi-las. O abuso dessas músicas é tão exagerado que chega a ser contraproducente, e o impacto emocional que elas poderiam ter acaba sendo anulado. Em vez de adicionar camadas de profundidade, elas se tornam irritantes e fazem o espectador querer colocar o filme no mudo.

É impressionante como um diretor de renome como Mike Nichols, responsável por trabalhos bem mais respeitáveis, pôde se envolver em algo tão mal executado. O roteiro é simplório, repleto de situações inverossímeis, e os diálogos parecem forçados. Os personagens não agem de maneira lógica ou crível em momento algum. A trama se desenvolve em torno de decisões bizarras e atitudes que não parecem possíveis no mundo real. Como alguém poderia acreditar que a jovem e bela Elaine, filha da Sra. Robinson, se apaixonaria por Benjamin depois de descobrir que ele teve um caso com sua mãe? É simplesmente patético. A tentativa de construir uma narrativa romântica a partir dessa bagunça dramática falha miseravelmente.

A sequência final, em que Benjamin invade o casamento de Elaine e a “resgata” da cerimônia, é tão caricata que chega a ser risível. A icônica cena dos dois dentro do ônibus, com olhares vazios, pode ser interpretada como um símbolo de incerteza sobre o futuro, mas, na verdade, só revela a total falta de sentido da história. É como se o filme terminasse admitindo sua própria futilidade.

Se há algo para ser salvo aqui, é a fotografia de Robert Surtees, que consegue, em alguns momentos, criar imagens visualmente interessantes. No entanto, nem mesmo os enquadramentos bem compostos conseguem tirar o espectador do marasmo causado pelo roteiro fraco e pelas atuações forçadas.

No geral, A Primeira Noite de um Homem é uma decepção colossal. O filme não tem nada a oferecer, a não ser uma história absurda e personagens que irritam em cada diálogo. As atuações são fracas, o roteiro é risível e o uso incessante da trilha sonora transforma uma boa música em algo insuportável. É um mistério como um diretor talentoso como Nichols pôde entregar uma obra tão frágil e mal concebida. Definitivamente, um dos filmes mais superestimados de todos os tempos.

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