Páginas

maio 26, 2006

Caché (2005)

 


Título original: Caché
Direção: Michael Haneke
Sinopse: Um dia Georges (Daniel Auteuil) e sua esposa Anne (Juliette Binoche) recebem uma fita de vídeo com imagens de sua casa, que fora filmada por uma câmara instalada na rua. Depois disso começam a receber desenhos sinistros. Assustado, o casal tenta descobrir o autor daquelas misteriosas ameaças que perturbam a paz de sua família. Logo percebem que quem os persegue conhece mais sobre o seu passado do que eles poderiam esperar.


Da França veio o aborrecimento. Estrelado por uma dupla fantástica, que está muito acima das qualidades desse filme, que, apesar de aclamado, é, como dito, aborrecido, arrastado e meio sem propósito. Daniel Auteuil (O Adversário) é Georges, que tem sua vida "ameaçada" por fitas que chegam a sua casa. O conteúdo, somente horas e horas de filmagens do exterior de sua própria casa, envoltos em desenhos sanguinolentos. 

A partir dessa premissa se desenvolve a trama de Caché, nos moldes de uma parte do cinema francês que é especialista em entediar o público. Com quase exageradas duas horas de duração, era pra ser um suspense formidável, já que parte de um ponto interessante: pessoas sendo ameaçadas pelo "nada". Obviamente que Georges tem algo a esconder (da mesma forma que seu personagem em O Adversário, outro longa desse molde aborrecido francês), e isso preocupa sua mulher, Anne (Juliette Binoche, de Chocolate e Palavras de Amor) e afeta o humor inconstante de seu filho pré-adolescente.

O interessante é ver como algo tão simples consegue derrubar e destruir toda uma família, somente pelo terror psicológico causado e pelo claro fato de que Georges está escondendo algo de sua família. Mas aí mora o grande defeito de Caché: somente quem conhece bem a história da França e da guerra desta com a Argélia poderá entender de verdade a causa do "problema no passado" do personagem. De outra forma, as razões pelas quais o personagem escondido (caché) parecerão completamente sem fundamentos ou sentido.

Fato é que a esmagadora maioria do público ignora esse fato e Caché se mostra não como um longa internacional, mas de aplicação limitada a seu país. E, mesmo aceitando e entendendo os fatos implícitos na história, pelo menos meia hora de enrolação deveria ser cortada para se obter um resultado mais ágil e fácil de ser engolido. Mas isso, definitivamente, não é a especialidade francesa no cinema, salvo raras exceções.

Ainda temos que lidar com um daqueles finais "abertos à interpretação do espectador", completamente irritantes. O que mais parece é que o diretor não sabia como terminar e deixou assim, com uma cena para a qual rolam na internet as mais variadas explicações – bizarras, por sinal. Poderia funcionar como em Flores Partidas de fato funcionou, se ao menos tivesse UMA explicação plausível, mas tudo falta em Caché, até mesmo uma mera explicação de por que um personagem está fazendo isso ou aquilo ou o por quê de um plano ser inserido ali de forma praticamente aleatória. Começa muito bem e interessante, se torna mediano e depois, um desastre. Um realmente um filme para quem tem paciência. E a minha com grande parte do cinema francês está se esgotando.