Da França veio o aborrecimento. Estrelado por
uma dupla fantástica, que está muito acima das qualidades desse filme, que,
apesar de aclamado, é, como dito, aborrecido, arrastado e meio sem propósito.
Daniel Auteuil (O Adversário) é
Georges, que tem sua vida "ameaçada" por fitas que chegam a sua casa. O
conteúdo, somente horas e horas de filmagens do exterior de sua própria casa,
envoltos em desenhos sanguinolentos.
A partir dessa premissa se desenvolve a trama
de Caché, nos moldes de uma parte do
cinema francês que é especialista em entediar o público. Com quase exageradas
duas horas de duração, era pra ser um suspense formidável, já que parte de um
ponto interessante: pessoas sendo ameaçadas pelo "nada". Obviamente que Georges
tem algo a esconder (da mesma forma que seu personagem em O Adversário, outro longa desse molde aborrecido francês), e isso
preocupa sua mulher, Anne (Juliette Binoche, de Chocolate e Palavras de Amor)
e afeta o humor inconstante de seu filho pré-adolescente.
O interessante é ver como algo tão simples
consegue derrubar e destruir toda uma família, somente pelo terror psicológico
causado e pelo claro fato de que Georges está escondendo algo de sua família.
Mas aí mora o grande defeito de Caché:
somente quem conhece bem a história da França e da guerra desta com a Argélia
poderá entender de verdade a causa do "problema no passado" do personagem. De
outra forma, as razões pelas quais o personagem escondido (caché) parecerão completamente sem fundamentos ou sentido.
Fato é que a esmagadora maioria do público
ignora esse fato e Caché se mostra
não como um longa internacional, mas de aplicação limitada a seu país. E, mesmo
aceitando e entendendo os fatos implícitos na história, pelo menos meia hora de
enrolação deveria ser cortada para se obter um resultado mais ágil e fácil de
ser engolido. Mas isso, definitivamente, não é a especialidade francesa no
cinema, salvo raras exceções.
Ainda temos que lidar com um daqueles finais "abertos à interpretação do espectador", completamente irritantes. O que mais parece é que o diretor não sabia como terminar e deixou assim, com uma cena para a qual rolam na internet as mais variadas explicações – bizarras, por sinal. Poderia funcionar como em Flores Partidas de fato funcionou, se ao menos tivesse UMA explicação plausível, mas tudo falta em Caché, até mesmo uma mera explicação de por que um personagem está fazendo isso ou aquilo ou o por quê de um plano ser inserido ali de forma praticamente aleatória. Começa muito bem e interessante, se torna mediano e depois, um desastre. Um realmente um filme para quem tem paciência. E a minha com grande parte do cinema francês está se esgotando.