Todos estão louvando Syriana: A Indústria do Petróleo pelo seu cunho político e complexidade. Afinal, a moda é falar mal da política americana. E de tão complexo, o filme se torna uma experiência confusa e muito, muito arrastada. A paciência do espectador é testada aos limites, seja por estarmos vendo uma trama que nunca se desenvolve ou seja por tentar entender o que cada personagem está querendo fazer, coisa que raramente se explica em tela.
Talvez Syriana funcione melhor fora das telas do que nelas. Aliás, na tela, nada funciona. Onde está a tão aclamada ‘interpretação’ de George Clooney que lhe valeu a indicação ao Oscar? Ele só apanha e faz algumas coisas aqui e ali, sem tempo para interpretações. E por falar em apanhar, Syriana traz uma das cenas mais impressionantes de tortura que já vi. Ponto final. O filme seria só isso. Se em 2003 falaram que o Oscar de Melhor Atriz foi para Nicole Kidman só porque ela colocou um nariz falso, se Clooney ganhar o Oscar esse ano, será, com razão, meramente porque ele está usando uma barba, que não é de seu costume.
Muitas pessoas saíram da sala de cinema antes mesmo de se completar uma hora de projeção. É isso que dá tentar bombardear as mentes do povo com fatos políticos completamente desinteressantes. E o pior, de forma aleatória. Existem modos e modos de se mostrar crítica política. Esse ano mesmo temos o excelente exemplo de Boa Noite e Boa Sorte, que trata de uma denúncia política, mas feita de forma ágil e concisa. Já Syriana não tem nada disso.
Por diversas vezes o filme tenta mostrar um pouquinho de drama, como em algumas cenas do personagem de Matt Damon (que também não acrescenta nada à história), mas o cunho é quase em sua totalidade político, textualmente e graficamente desinteressante. Vários outros longas, como JFK: A Pergunta Que Não Quer Calar, também eram 100% políticos, entretanto, prendiam o espectador, o que nunca acontece aqui, visto que o grande número de personagens em histórias confusas e independentes nunca parecem chegar a lugar algum.
O diretor Stephen Gaghan (roteirista do aclamado Traffic) é o grande culpado de Syriana ser esse monte de fotogramas sem sentido. Para os antiamericanos de plantão, esse filme será considerado uma obra-prima, já que qualquer mínima coisa que mostre algo ruim dos EUA é considerado um marco no cinema (assim como o pavoroso e tendencioso Fahrenheit 11 de Setembro). Um aviso para quem não quer se entediar: não vá assistir a Syriana. Ou, se você sofre de insônia, pegue a última sessão do dia e bons sonhos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário