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fevereiro 03, 2006

O Segredo de Brokeback Mountain (2005)

 


Título original: Brokeback Mountain
Direção: Ang Lee
Sinopse: Um conto de amor sobre o relacionamento de dois jovens, Ennis Del Mar, um rancheiro de Wyoming e Jack Twist, um vaqueiro de rodeio, que se encontram no verão de 1963, e nos anos seguintes lutam secretamente para entender e se manter o amor que nutrem um pelo outro.


O Segredo de Brokeback Mountain pode funcionar de diversas formas, mas definitivamente não funciona como um romance tradicional, só alterando os protagonistas – dois homens. Bem, essa é a forma que o filme foi vendido (e aclamado) mundialmente.

Tecnicamente espantoso e artisticamente muito falho. Todos estão indo na onda de que o filme é perfeito. Longe disso. Ang Lee conseguiu nada mais do que um trabalho mediano. Explico porque. A premissa era justamente ser ‘mais um filme de amor’. Pois eis que O Segredo de Brokeback Mountain se mostra um filme de amor inverso: começa com uma cena de grande impacto e vai declinando, declinando, declinando... até chegar ao fundo do poço, num final previsível, ao final de longuíssimos e intermináveis 134 minutos.

Indiscutivelmente mereceu pelo menos duas das indicações que recebeu ao Oscar: Fotografia e Trilha Sonora Original. Mas, como já mencionei, a parte artística é tão simplória que chega a irritar: Heath Ledger faz um cowboy que reprime seus desejos interiores. Mas reprime tanto que nem dá pra se notar quais desejos são esses, resultado de uma interpretação equivocada. Chama mais a atenção o que ele tinha dentro da boca (estranhamente inchada) e o modo como fala pra dentro do que realmente a sua ‘interpretação’. Jake Gyllenhaal não está melhor aqui do que em outros papéis como em Donnie Darko ou até mesmo no recente Soldado Anônimo (injustamente desprezado aqui no Brasil). O destaque das atuações deve-se a Michelle Williams, melhor do que os dois cowboys principais juntos. Sua personagem, Alma, é na verdade o centro e a causa de tudo que acontece (e não acontece) no longa.

A falta do impulso inicial do amor, dos detalhes que fazem a diferença antes do sexo em si é o que estraga O Segredo de Brokeback Mountain logo no primeiro ato. O filme contribui para o pensamento geral da população de que os gays são criaturas depravadas, taradas e maníacas sexuais. O que tanto se falou antes da estreia desse filme, que mostraria que gays amam igual aos heterossexuais, não foi mostrado aqui. Pelo menos eu não vi nada disso. Ao contrário, o que chama a atenção – desviando o espectador da história – é como eles se atracam na tenda, como se atracam na escada (e como, após vinte anos, eles não envelhecem!), enfim, como se pegam em vários lugares (como dito, à medida que o tempo passa, cada vez de forma mais branda) e o amor raramente aparece. Sim, raramente. Ele não é nulo, aparece, mas SEMPRE no personagem Ennis Del Mar (Ledger).

Não é perturbador, não é inovador, mas, como explicado, também não é ‘mais do mesmo’. Difícil descrever O Segredo de Brokeback Mountain. É um filme bonzinho, na média, não melhor que outros trabalhos de Ang Lee. Não merecia esse alarde todo que está sendo feito e faz pior: faz o grande público (não-homossexual) continuar com a imagem ‘estranha’ ou ‘errada’ que tem dos gays. Oito indicações ao Oscar soam como algo completamente absurdo. Resumindo, Muito Barulho Por Nada.  

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