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fevereiro 03, 2006

Boa Noite e Boa Sorte. (2005)

 


Título: Good Night, and Good Luck.
Direção: George Clooney
Sinopse: Ambientado nos Estados Unidos dos anos 50, durante os primeiros dias de transmissões jornalísitcas, o filme conta os conflitos reais entre o repórter televisivo Edward R. Murrow e o Senador Joseph McCarthy. Desejando esclarecer os fatos ao público, Murroe e sua dedicada equipe desafiam seus patrocinadores e a própria emissora para examinar as mentiras e amedrontadoras táticas perpetradas pelo Senador durante sua "caça às bruxas" comunista.


Enfadonho para muitos, uma obra-prima para alguns. A nova incursão de George Clooney na direção é um acerto por completo. Ao contrário do que possa parecer, Boa Noite e Boa Sorte não é um filme pequeno de interesse restrito. É mais do que certo que a grande maioria do público brasileiro não vivenciou e conviveu com as atitudes insanas do senador McCarthy nos anos 50 nos Estados Unidos. Mas alguém com o mínimo de imaginação pode imaginar o que isso representava à época.

Boa Noite e Boa Sorte é, antes de tudo, um grande exercício de estilo, com uma direção impecável (ponto para Clooney depois de Confissões de uma Mente Perigosa), fotografia igualmente impressionante e uma edição que, de tão boa, não foi indicada ao Oscar, como é de praxe acontecer. Clooney fez um pseudodocumentário nessa fita. Ágil e instigante, nos transporta para cada momento daquela época em que a sala de produção da CBS para o programa de TV de Edward Murrow era um planejamento de guerra. Uma guerra a favor da liberdade de expressão, que estava sendo tão mutilada por Joseph McCarthy.

Artisticamente absoluto e único. Estamos na produção do programa e sentimos o que Murrow sente. Respiramos fundo a cada vez que ele fala "boa noite e boa sorte" e ficamos aliviados a cada "encerrado" que o jornalista Friendly (interpretado por Clooney) fala a cada final de programa. Cada programa, uma bomba em McCarthy. 

Certamente o melhor do longa se encontra nessa sensação de pseudodocumentário. A forma com que os atores – um elenco surpreendente, por sinal – interagem com as imagens de arquivo que são inseridas ao longo da projeção é incrivelmente real, se devendo ao impressionante trabalho de montagem aliado a um roteiro sem furos e digno de Oscar (pena que provavelmente não irá ganhar). De todo o elenco, David Strathairn se sai um perfeito Edward Murrow, tenso a cada programa que ia ao ar, fumante inveterado que levou a frente seus pensamentos sem medo das consequências, diferentemente de seu companheiro de emissora, Don Hollenbeck (também perfeitamente interpretado por Ray Wise). 

Pode-se dizer que Murrow venceu. E assim como Clooney, que fez dessa simples (e ao mesmo tempo complexa) história uma pequena obra-prima. Que, infelizmente, poucos darão o valor que realmente tem.

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