Woody Allen chega ao seu quadragésimo longa-metragem. Aclamado internacionalmente, indicado ao Oscar. Definitivamente não seria o ‘normal’ para Allen. E não é. Tudo o que vemos em Ponto Final é, a princípio, uma simples (e ao mesmo tempo complexa) história de amor, num triângulo amoroso que, inevitavelmente, pede por um grandioso clímax.
Devo dizer que é frustrante não somente não ter Woody aparecendo na tela, mas sua direção também é frustrante, especialmente para quem conhece (e gosta) do trabalho anterior do diretor ultra-novaiorquino. Para quem não se importa com isso, Ponto Final pode representar uma experiência e tanto. Allen não está muito à vontade fora de sua habitual Nova York, isso é certo. Por vezes o filme se parece mais com um vídeo demonstrativo do ‘como Londres é cool’ do que o filme introspectivo que se propõe a ser.
Ainda de acordo com minhas crenças, indicado ao Oscar significa qualidade duvidosa. Não vou rotular Ponto Final como sendo ruim. Decididamente não é. Mas é um trabalho mediano e nada mais. Ok, Woody Allen finalmente mudou de história depois de quarenta anos. Bem, nem tanto. É a mesma história de amor, pelo menos na maior parte do filme, só que em Londres e não em Nova York.
Ponto Final ainda seria um pouco mais autoral e lógico se terminasse com um final... lógico. Sim, porque o estilo de filme nos propõe um tipo de finalização que não ocorre. E o plot-twist que deveria agradar ao espectador acaba por se demonstrar inverossímil. Passamos mais de uma hora conhecendo os personagens, nos entediando com várias cenas praticamente ‘repetidas’ para depois sermos jogados em personagens que ‘mudam de personalidade’ de repente. O pacífico Chris (Jonathan Rhys Meyers) de repente se transforma. Até mesmo a insossa Nola (Scarlet Johansson) começa a ser uma outra pessoa.
Enfim, no momento em que passamos a acreditar nos personagens, eles se revelam outras pessoas, coisas impossíveis passam a acontecer e coisas do gênero. Certamente esse terceiro ato de Ponto Final é mais interessante que tudo o que nos foi apresentado anteriormente. Mas infelizmente tem um roteiro que se torna risível às vezes por seus diálogos-clichês mal colocados em personagens pessimamente construídos, como já mencionado, interpretados por um time de atores e atrizes sem competência. Todos têm a mesma cara, seja amando ou odiando. E isso não é um legítimo Woody Allen que valha aqueles clássicos créditos em preto com uma típica música novaiorquina de fundo. Volte para Nova York, Woody.