Não sendo fã doente dos Rolling Stones, nem sabendo a fundo a história deles, fico limitado a analisar essa obra como mais um filme. Morte misteriosa? Drogas? Assassinato? Parece que esse é (ou era) o enigma que ronda a morte de Brian Jones, um dos fundadores (e autointitulado líder) dos Stones, nos anos 60.
Dirigido pelo estreante Stephen Woolley, que já produziu outro filme de rock e já clássico, Backbeat: Os Cinco Rapazes de Liverpool, sobre, coincidentemente, a morte de um dos membros de outra banda, os Beatles, também nos anos 60, erra um pouco a mão na história de Jones, que se arrasta um pouco e agrada somente aos fãs obsessivos da banda.
O longa só se interessa em mostrar as loucuras (ou excentricidades, como queiram) do roqueiro, mas de forma muito confusa para quem não é familiar com a história. Muitos vai-e-vem no tempo deixam a cabeça do espectador ‘normal’ confusa e meio perdido nos acontecimentos. Mais uma vez aparece na tela de forma excelente Paddy Considine, o grande ator britânico da vez em filmes independentes (Terra de Sonhos, Meu Amor de Verão), que interpreta o pedreiro que, a princípio, iria somente fazer algumas reformas na antiga casa de Brian Jones (Leo Gregory, também muito bom), mas que de alguma forma acaba se tornando amigo do músico, até, no final das contas, assassiná-lo.
Excessos de cenas repetidas, desnecessárias, de nudez sem propósito, aos moldes de 9 Canções, mas não contando com sexo explícito como no filme citado, como Brian Jones dormindo aqui e ali (e uma câmera focando BEM ali) ou então de um Mick Jagger (Luke de Woolfson, muito parecido com o Jagger real) igualmente nu. Drogas, drogas, drogas, drogas e mais drogas. Uma hora perdemos a paciência com essa história tão repetitiva e pensamos ‘ok, já entendemos que ele usava todos os tipos de drogas’. Uma cena de sexo e uma cena de uso de drogas serviriam. Mas aí o filme teria somente uns 20 minutos e nada mais.
Justamente por essa montagem não linear que aqui se torna completamente inútil é que o filme desmorona. O espectador mediano perde o interesse fácil, fácil pela história, visto que já sabemos qual será a conclusão. A cena é mostrada no início e, depois, no final, a revemos novamente em sua integridade. Mais uma coisa desnecessária.
Stoned é um conjunto de pequenos detalhes que, apesar de cumprir seu papel e deixar bem claro para o público leigo quem foi Brian Jones e como era sua relação com seus companheiros de banda (especialmente com Keith Richards), irrita em vários momentos e nos deixa com uma sensação de estafa ao final. Mas, se o papel era nos fazer simpatizar com a ‘causa’ de Jones, o filme é extremamente falho, pois é, no final das contas, o pedreiro Frank que acabamos ‘apoiando’, e quase nos sentindo aliviados de ver como ele corajosamente conseguiu se livrar do estorvo que Jones parecia ser.