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novembro 18, 2005

Stoned: A História Secreta dos Rolling Stones (2005)

 


Título original: Stoned
Direção: Stephen Woolley
Sinopse: Uma crônica da vida sórdida e da morte suspeita de Brian Jones, cofundador dos Rolling Stones, que foi encontrado no fundo de sua piscina semanas após ser demitido da banda.


Não sendo fã doente dos Rolling Stones, nem sabendo a fundo a história deles, fico limitado a analisar essa obra como mais um filme. Morte misteriosa? Drogas? Assassinato? Parece que esse é (ou era) o enigma que ronda a morte de Brian Jones, um dos fundadores (e autointitulado líder) dos Stones, nos anos 60.

Dirigido pelo estreante Stephen Woolley, que já produziu outro filme de rock e já clássico, Backbeat: Os Cinco Rapazes de Liverpool, sobre, coincidentemente, a morte de um dos membros de outra banda, os Beatles, também nos anos 60, erra um pouco a mão na história de Jones, que se arrasta um pouco e agrada somente aos fãs obsessivos da banda.

O longa só se interessa em mostrar as loucuras (ou excentricidades, como queiram) do roqueiro, mas de forma muito confusa para quem não é familiar com a história. Muitos vai-e-vem no tempo deixam a cabeça do espectador ‘normal’ confusa e meio perdido nos acontecimentos. Mais uma vez aparece na tela de forma excelente Paddy Considine, o grande ator britânico da vez em filmes independentes (Terra de Sonhos, Meu Amor de Verão), que interpreta o pedreiro que, a princípio, iria somente fazer algumas reformas na antiga casa de Brian Jones (Leo Gregory, também muito bom), mas que de alguma forma acaba se tornando amigo do músico, até, no final das contas, assassiná-lo.

Excessos de cenas repetidas, desnecessárias, de nudez sem propósito, aos moldes de 9 Canções, mas não contando com sexo explícito como no filme citado, como Brian Jones dormindo aqui e ali (e uma câmera focando BEM ali) ou então de um Mick Jagger (Luke de Woolfson, muito parecido com o Jagger real) igualmente nu. Drogas, drogas, drogas, drogas e mais drogas. Uma hora perdemos a paciência com essa história tão repetitiva e pensamos ‘ok, já entendemos que ele usava todos os tipos de drogas’. Uma cena de sexo e uma cena de uso de drogas serviriam. Mas aí o filme teria somente uns 20 minutos e nada mais.

Justamente por essa montagem não linear que aqui se torna completamente inútil é que o filme desmorona. O espectador mediano perde o interesse fácil, fácil pela história, visto que já sabemos qual será a conclusão. A cena é mostrada no início e, depois, no final, a revemos novamente em sua integridade. Mais uma coisa desnecessária.

Stoned é um conjunto de pequenos detalhes que, apesar de cumprir seu papel e deixar bem claro para o público leigo quem foi Brian Jones e como era sua relação com seus companheiros de banda (especialmente com Keith Richards), irrita em vários momentos e nos deixa com uma sensação de estafa ao final. Mas, se o papel era nos fazer simpatizar com a ‘causa’ de Jones, o filme é extremamente falho, pois é, no final das contas, o pedreiro Frank que acabamos ‘apoiando’, e quase nos sentindo aliviados de ver como ele corajosamente conseguiu se livrar do estorvo que Jones parecia ser.

novembro 02, 2005

Wolf Creek: Viagem ao Inferno (2005)

 


Título original: Wolf Creek
Direção: Greg McLean
Sinopse: Liz Hunter (Cassandra Magrath) e Kristy Earl (Kestie Morassi) são duas mochileiras inglesas que estão em meio a uma viagem, juntamente com Ben Mitchell (John Jarratt). Ao chegar no Parque Nacional Wolf Creek, eles observam a paisagem da 2ª maior cratera do mundo. Quando decidem ir embora enfrentam problemas, pois seus relógios e o carro param de funcionar. É quando recebem a ajuda de um caminhoneiro, que passa pelo local e lhes oferece carona. Porém o que eles não contavam é que seriam levados a um acampamento localizado em uma mina abandonada, onde a viagem do trio se transforma em um grande pesadelo.


Wolf Creek: Viagem ao Inferno parece (mas não é) um novo O Massacre da Serra Elétrica. Bem inferior ao filme americano, esse longa australiano não traz nada de novo ao espectador. São somente as mesmas cenas de terror que já conhecemos. Esse filme parece uma coletânea de cenas de filmes já feitos anteriormente, desde o próprio Massacre, passando por Jogos Mortais ou qualquer outro filme do gênero que você conseguir imaginar.

Prova de que é mais do mesmo: um grupo de jovens (clichê #1) vão de carro, sozinhos (clichê #2) para um lugar isolado do mundo, no interior (clichê #3) para conhecer a famosa cratera que dá nome ao filme, mas lá o carro apresenta problemas e deixa de funcionar (clichê #4). Aparece então, no meio da noite, um homem que parece bonzinho e está os ajudando (clichê #5), mas que, no final das contas, é um maníaco que quer matar a todos (clichê #6).

Esse conto de seis medíocres clichês pelo menos se mantém. Não é uma desgraça completa pois seu roteiro é até bem amarrado e realmente proporciona cenas que assustam o espectador desavisado. É bem aquele tipo de ‘sei o que vai acontecer, mas mesmo assim me assusto’. Bem, isso é ponto positivo para Wolf Creek, já que vemos por aí uma quantidade imensa de filmes de terror que não conseguem dar o menor susto (vide o pavoroso Escuridão).

Chama a atenção também o fato de que Wolf Creek se difere da maioria dos filmes de terror em um ponto: a apresentação dos personagens, parte mais que obrigatória em qualquer longa de terror com adolescentes, é bem extensa. E também o número de pessoas. Aqui são só três (duas meninas e um rapaz) que irão confrontar o serial killer, e não uma gangue enorme (como, por exemplo, em A Casa de Cera), o que limita o desenvolvimento do já manjado estereótipo desse tipo de fita. Ao ‘perder tempo’ traçando a personalidade de cada um, conseguimos ver, em nossas mentes, praticamente o futuro de cada um ao término da hora e meia de tortura nas mãos do psicopata Mick Taylor (John Jarratt, que não apresenta nada de mais). Mas aí é que está o engano. E, por consequência, o primeiro não clichê de Wolf Creek, e, talvez, sua maior virtude. O que pensamos está errado.

É no terceiro ato que nos damos conta que o filme está tomando um rumo diferente do que imaginávamos, e o interesse do público aumenta à medida que o final se aproxima. Mas o timing está um pouco fora de lugar e esse pseudo-plot twist não funciona da maneira como deveria ser. Mas é o suficiente para fazer de Wolf Creek uma total perda de tempo uma experiência ao menos... satisfatória.