"Relacionamentos nem sempre caem como uma
luva." A tagline desse romance um
tanto quanto inusitado por várias razões "cai como uma luva" na produção.
Produzido, escrito e estrelado por Steve Martin, baseado em seu próprio livro
(ufa!), A Garota da Vitrine é bem
simplório, por algumas vezes um pouco duvidoso quanto à sua validade, mas o tom
geral é de aprovação. Um filme bem simpático.
É mais um filme com narração em off, do próprio Steve Martin (nossa, ele REALMENTE é onipresente nesse filme). Filmes de romance com narradores escondidos costumam ser uma fria, é uma clara indicação da superficialidade e clima de "mais do mesmo". Mas A Garota da Vitrine é completamente verossímil e consegue aproveitar todos seus 104 minutos sem rodeios.
Mirabelle (interpretada por Claire Danes, com
uma interpretação mediana, longe de sua esplêndida atuação em A Bela do Palco, por exemplo, mas
adequada) é uma vendedora de luvas (!) na Sak’s Fifth Avenue em Los Angeles. Ou
seja, ela pouco trabalha. Sente-se sozinha naquele balcão que poucos param para
olhar. Ela acaba por conhecer o quase trash
Jeremy (Jason Schwartzman, de A
Feiticeira e Huckabees: A Vida É uma
Comédia) e força um relacionamento com ele, com o claro intento de não
ficar sozinha. Mas um dia aparece Steve Martin (mais uma vez!), um homem muito
rico que se encanta por ela. Mas nada é perfeito. E é sobre essa não-perfeição
o ponto-chave do longa.
Mais interessante do que parecia logo de cara, vemos a jornada de cada personagem em busca do que realmente quer. Cada um terá um destino, totalmente diferente do que o espectador mais premonitório pudesse imaginar. Claro, existem grandes clichês, principalmente na parte final do filme, mas esses mesmos clichês são trabalhados bastante e nos são apresentados de uma forma bonita, plausível. E aí que a narração em off de Martin tem um papel importantíssimo. Milagrosamente ela consegue envolver o espectador de tal forma de acabamos fazendo uma fusão da voz dele com Ray Porter (seu personagem no filme) e, de certa forma, somos até empáticos com ele, mesmo que suas intenções por vezes sejam bem duvidosas.
A surpresa da vez é (mais uma vez!) Steve
Martin, que, acreditem ou não, consegue ter créditos como ator dramático.
Talvez porque ele, mais do que qualquer outro, conheça o personagem Ray Porter
e saiba dar o tom exato a ele. Martin está melhor aqui do que em todas suas
últimas dez produções juntas elevadas ao quadrado. Seguramente ele deveria
seguir por essa linha e passar a ter reconhecimento, ser levado Aa sério", o
que é bem difícil nesse momento da vida, já que sua imagem será constantemente
associada a seus ‘clássicos’ cômicos (Parenthood,
O Pai da Noiva etc).
A Garota da Vitrine é isso: simples e agradável. Recomendado mesmo para quem não gosta de filmes de romance. Vale dizer que Steve Martin está preparando mais um filme, dessa vez baseado em uma peça sua, Picasso at the Lapin Agile, cujo roteiro também será escrito por ele... e estrelado por ele também (!). É, realmente Steve Martin está com tudo.