Mark Levin, estreante na direção, mas autor
do conhecido por aqui Wimbledon: O Jogo
do Amor, reinveste no romance. Dessa vez de uma forma diferente,
acompanhando os dias do menino Gabe, muito bem interpretado por Josh Hutcherson
(de Zathura: Uma Aventura Espacial) e
sua progressão de sentimentos, desde o já conhecido ‘ódio às meninas’ que todos
os meninos tem quando crianças, até sua completa paixão por sua colega Rosemary
(Charlie Ray, estreante meio perdida nesse papel).
O filme todo nos é apresentado exclusivamente sob a ótica de Gabe, que é o narrador dessa fábula engraçada, leve e cativante. Narrações, ainda mais feitas na voz de uma criança, muitas vezes tendem a comprometer toda a estrutura de um longa. Mas felizmente isso não acontece em ABC do Amor, que, além de tudo, é uma declaração de amor não só de Gabe a Rosemary, mas também dele (e do diretor) a Nova York.
Definitivamente o filme não existiria se não fosse a mágica proporcionada pelo cenário em que se passa. ABC do Amor é a cara de Nova York e não poderia se passar em outro lugar. O título original, Little Manhattan, se dá devido exatamente a isso: o fato do filme ser dependente da locação. A "pequena Manhattan" em questão é o conjunto de quarteirões que o menino Gabe é autorizado por sua mãe a percorrer em seu (incansável) patinete. Mas claro que, com o seu primeiro amor aflorando, esses limites serão transpostos. Não só o físico, mas vários psicológicos.
Isso é o mais interessante de tudo: vermos
como a mente de Gabe vai imaginando os acontecimentos e, antes de tudo,
evoluindo e amadurecendo por causa dos sentimentos e das situações pelas quais
ele está passando. Não, ABC do Amor jamais
funcionaria se colocássemos um casal com mais de 20 anos na tela. O filme é
repleto com todos os clichês possíveis de filmes românticos e só funciona
porque as crianças são os personagens principais. Todos os personagens adultos
do filme são apagados, até mesmo Cynthia Nixon (a Miranda de Sex and the City), que interpreta a mãe
de Gabe. Notar também a apagada presença de Talia Balsam (Jackie, mãe de
Rosemary), filha do ator Martin Balsam (de clássicos como Psicose), que já foi casada também com George Clooney.
Bem enxuto e bem agradável de se assistir, ABC do Amor pode ser mais do mesmo. Na verdade é bem mais do mesmo. Claro, se levarmos em consideração que Gabe parece mais um adulto filósofo do que um pré-adolescente, o filme não funcionará. O segredo é desligar a mente e se deixar levar por essa deliciosa comédia romântica... inusitada.
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