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setembro 26, 2005

ABC do Amor (2005)

 


Título original: Little Manhattan
Direção: Mark Levin
Sinopse: Gabe, um aluno de sexta série, é parceiro de Rosemary na aula de karatê. Apesar de conhecê-la há muito tempo, Rosemary de repente se torna sua primeira paixão. Em casa, os pais de Gabe, Adam e Leslie, estão esperando que o divórcio seja finalizado. Gabe e Rosemary começam a namorar, mas ela está indo para um acampamento em breve, ele entra em pânico. Suas tentativas de conquistá-la não funcionam, deixando-o confuso e infeliz.


Mark Levin, estreante na direção, mas autor do conhecido por aqui Wimbledon: O Jogo do Amor, reinveste no romance. Dessa vez de uma forma diferente, acompanhando os dias do menino Gabe, muito bem interpretado por Josh Hutcherson (de Zathura: Uma Aventura Espacial) e sua progressão de sentimentos, desde o já conhecido ‘ódio às meninas’ que todos os meninos tem quando crianças, até sua completa paixão por sua colega Rosemary (Charlie Ray, estreante meio perdida nesse papel).

O filme todo nos é apresentado exclusivamente sob a ótica de Gabe, que é o narrador dessa fábula engraçada, leve e cativante. Narrações, ainda mais feitas na voz de uma criança, muitas vezes tendem a comprometer toda a estrutura de um longa. Mas felizmente isso não acontece em ABC do Amor, que, além de tudo, é uma declaração de amor não só de Gabe a Rosemary, mas também dele (e do diretor) a Nova York.

Definitivamente o filme não existiria se não fosse a mágica proporcionada pelo cenário em que se passa. ABC do Amor é a cara de Nova York e não poderia se passar em outro lugar. O título original, Little Manhattan, se dá devido exatamente a isso: o fato do filme ser dependente da locação. A "pequena Manhattan" em questão é o conjunto de quarteirões que o menino Gabe é autorizado por sua mãe a percorrer em seu (incansável) patinete. Mas claro que, com o seu primeiro amor aflorando, esses limites serão transpostos. Não só o físico, mas vários psicológicos.

Isso é o mais interessante de tudo: vermos como a mente de Gabe vai imaginando os acontecimentos e, antes de tudo, evoluindo e amadurecendo por causa dos sentimentos e das situações pelas quais ele está passando. Não, ABC do Amor jamais funcionaria se colocássemos um casal com mais de 20 anos na tela. O filme é repleto com todos os clichês possíveis de filmes românticos e só funciona porque as crianças são os personagens principais. Todos os personagens adultos do filme são apagados, até mesmo Cynthia Nixon (a Miranda de Sex and the City), que interpreta a mãe de Gabe. Notar também a apagada presença de Talia Balsam (Jackie, mãe de Rosemary), filha do ator Martin Balsam (de clássicos como Psicose), que já foi casada também com George Clooney. 

Bem enxuto e bem agradável de se assistir, ABC do Amor pode ser mais do mesmo. Na verdade é bem mais do mesmo. Claro, se levarmos em consideração que Gabe parece mais um adulto filósofo do que um pré-adolescente, o filme não funcionará. O segredo é desligar a mente e se deixar levar por essa deliciosa comédia romântica... inusitada.

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