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junho 24, 2005

Batman Begins (2005)

 


Título original: Batman Begins
Direção: Christopher Nolan
Sinopse: Marcado pelo assassinato de seus pais quando ainda era criança, o milionário Bruce Wayne (Christian Bale) decide viajar pelo mundo em busca de encontrar meios que lhe permitam combater a injustiça e provocar medo em seus adversários. Após retornar a Gotham City, sua cidade-natal, ele idealiza seu alter-ego: Batman, um justiceiro mascarado que usa força, inteligência e um arsenal tecnológico para combater o crime.


Apesar de alguns (poucos) méritos, Batman Begins é tão chato, superficial, hollywoodiano demais (até mesmo para os padrões de Hollywood, se é que isso é possível), e, muitas vezes, confuso e mal-pensado. Afirmo tudo isso aí categoricamente, sim, e não estou procurando ter razão ou não, e muito menos agradar a 95% das pessoas, público e crítica, que aplaudiram esse filme de pé. Não mesmo. Preciso dizer a verdade: nunca fui com a cara de filmes baseados em quadrinhos, e muito menos algum dia fui com a cara do Batman, que já estrelou filmes dignos de notas zero bem redondas, como Batman Eternamente e Batman & Robin.

O trailer vendia um longa que parecia trazer um "clima" diferente do já apresentado até então à história, mas o que vemos é um dèja vu constante. Resumindo, Batman Begins é chatíssimo e só agrada aos fãs do personagem.

Algo que chama a atenção no longa é a presença de excelentes atores em papéis mínimos que não representam nada no desenvolvimento da história, como Michael Caine no papel do patético-cansado-fiel mordomo dos Wayne e ainda Morgan Freeman, que é nada mais do que o personagem "Q" dos filmes de 007. Freeman interpreta Fox, que aparece por uns dez minutos de todos os infindáveis 141 totais de filme. Ele nada mais faz do que mostrar a Bruce Wayne (Christian Bale, muito inferior do que em trabalhos anteriores, como, por exemplo, Psicopata Americano), os incríveis aparatos tecnológicos que irão transformá-lo no Homem-Morcego.

O que irrita de verdade em Batman Begins é com certeza a obviedade e a previsibilidade exageradas do roteiro. Há uma história boa, um roteiro que parecia, a princípio, levar a algum lugar, mas que acaba se tornando simples, muito simples, com falas extremamente idiotas durante todo o longa. Parece um filme de criança, mesmo: até mesmo na hora de um grande incêndio, lá vem o mordomo com uma tirada que foi escrita supostamente pra ser engraçada, e, quando essa e mais outras tiradas "cômicas" são postas na tela, acabam soando como frases ditas em filmes de Leslie Nielsen. Talvez para esse Batman Begins ele devesse até mesmo ser o protagonista mascarado.       

É triste ver excelentes atores, como os já mencionados Christian Bale, Morgan Freeman, Michael Caine e, principalmente, Liam Neeson, completamente desperdiçados nesse monte de bobagens e banalidades (nem digo clichês porque isso seria pouco) que é a composição geral dessa nova aventura de Batman. O filme foi feito exclusivamente para aquele grupo de pessoas que consideram Jean-Claude Van Damme um artista. Aliás, existem cenas repletas de fogo e explosões nas quais só faltamos ver o próprio Van Damme pulando e escapando das situações.

É de se admirar que o diretor Christopher Nolan tenha tomado a direção e tenha uma co-participação na escrita desse roteiro, que parece feito aos moldes do livro A Jornada do Herói, de Vogler. Há um mentor óbvio (Neeson), ou melhor, dois mentores, um físico, Neeson, e um psicológico, Caine. Como "o roteiro perfeito" descrito por Vogler em seu livro, o herói sofre horrores pra ter a verdadeira vontade de se tornar herói, e o pior é que o Batman daqui é um herói sem carisma algum e parece mais querer se vingar das pessoas do que ter a "vocação" para o heroísmo, ele não tem o "dom" de salvar o mundo, só o faz por causa de seus próprios problemas, num verdadeiro show de egocentrismo.

Nada mais do que um dramalhão que causa inveja às piores  novelas mexicanas do SBT, com certas cenas que causam medo de se ver, não pelo medo em si, e sim pelo ridículo que vemos. Só pra citar um exemplo, quando aparecem os lutadores ninja (com o excelente, porém perdido Liam Neeson), é tudo simplesmente deplorável, cena digna de entrar para um top 10 dos momentos mais idiotas da história do cinema.

O roteiro ainda tenta, sem sucesso, se utilizar de um plot twist, apresentando uma revelação sobre a verdadeira identidade do vilão, e isso não faz o filme se tornar mais interessante. Com certeza o pior de tudo é a longa espera, nada acontece por muito tempo. Quando já estamos quase dormindo de tédio, somente aí vemos Bruce Wayne vestido como Batman, muito mais de uma hora decorrida do início. E esse mesmo início é o único ponto alto do filme, principalmente pela edição, ágil e instigante, e, talvez também seja interessante a trilha sonora composta por James Newton Howard (da excelente trilha de O Sexto Sentido), mas que, mesmo assim, fica muito aquém dos outros trabalhos do compositor.

Pra piorar, ainda é deixado um gancho para uma possível continuação. Uma idéia simplesmente pavorosa. Talvez até poderia haver uma seqüência, sim, que nos mostrasse a derradeira aventura do Homem-Morcego e sua conseqüente morte. Assim, o mundo estaria livre de testemunhar esses pavorosos filmes da franquia Batman. Quem sabe alguém não se aventura a escrever um roteiro para essa idéia... talvez, dessa vez, Batman Ends?

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