A história é simples: duas pessoas se apaixonam e enfrentam problemas para levar seu amor adiante. Bem banal, não? Ah, essas duas pessoas são do mesmo sexo. Ah, claro, estou falando de O Segredo de Brokeback Mountain. Não, não estou. É a história de duas meninas do interior da Inglaterra que se conhecem num verão. Esse é Meu Amor de Verão.
Ao contrário do que o título (tanto o brasileiro quanto o original) nos indica, Meu Amor de Verão não é ‘mais um filme de amor, só que com duas pessoas do mesmo sexo’. Para isso existe o filme da Montanha lá que todos já estão cansados de ouvir falar (ou talvez de ver). Em um certo dia, a jovem Mona, infeliz no amor, encontra Tamsin. E é daí em diante que o filme se mostra bem mais verossímil do que o longa badalado de Ang Lee.
O relacionamento das duas vai se aprofundando de forma gradual, lenta, mas não menos envolvente. Tudo é ainda mais alavancado pelo fato de Mona ser uma menina pobre que não tem pais e mora com seu irmão (Paddy Considine, bem conhecido aqui pelo seu trabalho em Terra de Sonhos), um recém-convertido a ‘Jesus’, enfim, fanático religioso. Ao conhecer o mundo de Tamsin, ela fica encantada. Não só com as coisas, mas com a garota também, obviamente.
A vida de Tamsin, apesar de parecer fácil, não é das melhores. Ela é considerada garota-problema no internato onde estuda e está em casa naquele verão pois havia sido suspensa. Além disso, conforme ficamos sabendo, sua irmã morreu de anorexia.
Apesar das duas serem completamente o oposto uma da outra, elas se amam. E esse amor tem direito a tudo, até mesmo a frases do tipo ‘nós nunca nos separaremos’, mostra como o amor e a admiração influenciam na personalidade das pessoas envolvidas – geralmente na de atitude mais servil – isso sendo exemplificado pelos momentos em que a comportada Mona ‘se rebela’, e mais coisas do gênero. Enfim, muitos clichês. Sim, clichês, mas inseridos de forma bem crível em uma paisagem interiorana lindíssima. É exatamente aí que mora o bom conteúdo de Meu Amor de Verão: na credibilidade dos fatos e, principalmente, em um final ao menos ‘interessante’. Bem, eu achei fantástico.
Esse longa tem o que falta a O Segredo de Brokeback Mountain, que é a credibilidade àquele amor proposto na tela. Enquanto o primeiro fracassa nesse ponto, esse pequeno filme britânico consegue cativar, talvez por ser tão simples como é.